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Arquitetos: Marcos Bertoldi Arquitetos
- Área: 1074 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Leonardo Finotti
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Fabricantes: Hunter Douglas, Alma Light, Alubauen, Alwitra, Auping, B&B Italia, Casa da Imagem, Ciliart Marcenaria, Deca, Docol, Easyfix, Etel, Euro Audio, Gi Vidros, Jacqueline Terpins, Mara Piscinas, Michelangelo, Montenapoleone, Nani Chinellato Sunfix, Oscar ono, +6
Terreno - implantação
O terreno, em condomínio fechado, tem aproximadamente 1.800 m² e formato retangular. Apresenta-se como um grande plateau, com pouco caimento na sua parte não vegetada, contemplado com um bosque nativo aos fundos, que se expande além de seus limites. O cliente desejava uma casa que se estendesse para os jardins, onde os limites entre interior e exterior fossem abolidos, com seus principais espaços de lazer e estar implantados na mesma cota das áreas externas. Desta forma, a casa se organiza da rua aos fundos do terreno como um grande plano contínuo. A fachada frontal está voltada para o leste e a fachada da piscina para oeste o que garante à residência um giro solar adequado ao cumprimento de outras demandas plásticas e funcionais pretendidas pelo projeto.
Função
Todos os quartos estão voltados a leste, com exceção do quarto do casal que está voltado para o bosque nativo e para oeste. A marquise, que protege o terraço e amplia todos os espaços de vivência da casa poderia causar uma barreira para a entrada de luz e sol, escurecendo os ambientes e não permitindo a insolação adequada dos espaços, o que é fundamental em Curitiba. Algo inteiramente contornado com a solução em pé-direito duplo, que admite a entrada de luz e insolação ao longo de todo dia pelas aberturas superiores à marquise.
Técnica
A casa, de estrutura convencional no subsolo, sobe para os dois pavimentos superiores em estrutura metálica, com cobertura leve composta por camadas isolantes e impermeabilização, totalizando aproximadamente 7 cm de espessura. Uma obra metálica costuma ser muito exigente em compatibilizações antecipadas e de uma maneira geral é muito precisa, não aceitando imperfeições. No entanto, era a técnica mais adequada para o resultado pretendido, principalmente por suas proporções mais delgadas, transmitindo maior leveza e transparência ao conjunto. As esquadrias, também merecem especial atenção. Toda a caixilharia é embutida nas paredes, pisos e forros, num grande esforço projetual e construtivo.
Forma
O bloco principal da casa, em vidro e madeira, é animado pelos jogos de luz e sombra e flutua sobre duas paredes laterais revestidas em pedra moledo interna e externamente, que fazem o contraponto à leveza da caixa superior e ancoram a obra ao solo. Os beirais, migraram da sua posição habitual na cobertura dos edifícios e foram trazidos para o primeiro pavimento da casa, como uma grande e esbelta bandeja, garantindo horizontalidade à obra, além de sombreamento e proteção contra chuva nos ambientes internos.
Finalmente, o prisma do pavimento superior, em vidro, é envolvido por uma pele em madeira vazada, que por vezes avança e se descola dos painéis envidraçados, formando terraços privativos como nos quartos dos filhos, por exemplo, numa reinvenção do muxarabi, a partir de uma trama fechada de cestaria japonesa, apresentada pelo cliente. A esta trama acrescentamos os vazios e as frestas dando acesso à atmosfera que invade todos os ambientes. A iluminação natural, cuidadosamente controlada e elaborada, faz desta residência um experimento sob a luz. A noite a iluminação se inverte, transformando a casa numa grande luminária, tramando luz e madeira.